Por: Jonas | 29 Junho 2015
Organizações da comunidade gay do estado mexicano de Jalisco denunciaram, hoje, penalmente, o cardeal Juan Sandoval Iñiguez, a quem acusam de “discriminação e de incitar à violência” por declarar que o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo é uma “aberração”.
A reportagem é publicada pelo portal Terra, 25-06-2015. A tradução é do Cepat.
“Estamos pedindo que se ajuste ao Estado de direito. Com suas declarações está fomentando a homofobia e a transfobia”, disse Carlos Becerra, membro da União Diversa, uma das pelo menos 12 associações que apresentaram a queixa ante a Promotoria Geral de Jalisco (oeste do México).
Em um vídeo de quase seis minutos, divulgado nas redes sociais e no canal católico María Visión, Sandoval Íñiguez afirmou que o matrimônio “segundo a revelação cristã” é entre um homem e uma mulher, e que “o resto é coisa desviada”.
“O que fuja desta instituição divina atenta contra ela e é uma aberração e não pode caber na mente de um católico”, afirmou.
O arcebispo emérito de Guadalajara investiu contra a decisão da Suprema Corte de Justiça da Nação por declarar inconstitucionais as legislações estatais que limitam o matrimônio à união entre homem e mulher, e disse que o máximo tribunal legisla “sempre contra a moral”.
Os organismos que se queixam consideram que estas declarações não discriminam apenas a comunidade homossexual, como também violam a Constituição mexicana e de Jalisco, bem como a Lei para Prevenir e Erradicar a Discriminação, o Código Penal de Jalisco e a Lei de Associações Religiosas e Culto Público.
“O cardeal considera que o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo não é questão de direitos humanos, mas os direitos humanos são para todos”, afirmou Becerra.
No vídeo, o prelado afirmou que estas disposições podem ser revertidas e convocou os fiéis a “organizar assinaturas” para se opor ao matrimônio homossexual ante a Suprema Corte, o Congresso da União e os Congressos locais.
Becerra considerou que isto promove valores antidemocráticos e abre a porta para que a sociedade atente contra a comunidade lésbico-gay e transgênero, como ocorreu em Chihuahua, norte do país.
Na última segunda-feira, uma mulher transgênero foi encontrada morta na cidade de Chihuahua, com sinais de ter sido asfixiada e amarrada. Seu corpo foi encontrado envolvido em uma bandeira do México.
“Estamos retomando esta via jurídica de defesa dos direitos humanos e assentando precedente” para que se respeite esta comunidade, afirmou Becerra.
As organizações interpuseram a mesma denuncia ante a Promotoria de Direitos Humanos de Jalisco. Na terça-feira, também apresentaram uma queixa ante a Comissão Estatal de Direitos Humanos, a Comissão Nacional de Direitos Humanos e o Conselho Nacional para Prevenir a Discriminação.
Ainda que tenha se aposentado da direção da Arquidiocese de Guadalajara, em 2011, após 17 anos de serviço, Sandoval Íñiguez não deixou de ser notícia ao manifestar sua férrea oposição aos matrimônios homossexuais e ao aborto.
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Comunidade homossexual processa cardeal mexicano por “incitar à violência” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU